Este texto ficou muito tempo escondido nas postagens, e agora, quem quiser ler, está ai. Ele fala obviamente da minha separação e de coisas que pensei em momentos em que me sentia triste. Não é um pedido de desculpas, são só pensamentos e reflexões. Nem corrigi antes de publicar, só fiz esta introdução e coloquei no ar. É isso. Boa Leitura.

Perdas e Danos

Setembro de 2021

Perdemos muito neste ano, perdemos a sanidade, a estabilidade.
Perdemos os horários, perdemos um pouco da noção, perdemos pessoas.

Eu perdi muito. Na verdade estava confiante que tinha tomado as atitudes corretas, mas a depressão me pegou. Me tornei uma pessoa massiva, cansada, irritante… Então perdi a intimidade ao lado. Não percebi que estava me afastando e te afastando. Também a inabilidade de comunicação do casal ajudou.
Sempre pedi para que pudéssemos conversar sobre os problemas antes de eles se tornarem insustentáveis. Não foi o que aconteceu. Este quesito eu indico a ti, porque eu sempre quis conversar sobre os assuntos pesados, mas tu nunca abriu as portas para o diálogo. No fim, mantínhamos uma névoa de bem estar que não significava a realidade. Uma convivência pacífica mas fria. Na verdade me dói o estômago lembrar de como foi triste viver neste frio durante esse tempo.

Como um amigo me disse, a pandemia causou muitos problemas, e estes problemas são irremediáveis, pessoas morreram, relacionamentos morreram, ideias morreram. Coisas mudaram e por ai vai. O remediável está resolvido, portanto, é o que é.

O mais triste, é que, infelizmente, foi perdido o sonho. Eu vivi um ano do meu sonho. É muito difícil fazer com que eu tenha realmente o objetivo de um relacionamento. Eu tinha dito várias vezes pra mim mesmo que nunca mais entraria em uma união. Eu tinha a certeza de que relacionamentos não dão certo. Mas era tão sedutor, tínhamos feitos tantos planos. Se tem uma coisa que me irrita é isso. Não tivemos a oportunidade de testar absolutamente nenhum desses. Eles simplesmente foram soterrados por um marasmo do dia a dia, socado em uma casa, com poucas opções de vida.

Não tenho muitos arrependimentos. Eu vivi o pouco que podia dentro do meu limite de sanidade e isso me fez bem. Se estou feliz com o que aconteceu, com o término? Nunca. Mas também não estou com raiva ou com sentimentos ruins. Simplesmente eu não posso obrigar as pessoas a serem empáticas com minhas dores e também não posso ter tudo o que quero. O mundo não funciona desse jeito.

Outra coisa que eu sempre soube era que ele não tinha nenhum tipo de experiência com relacionamentos longos, também sabia da dificuldade de expressão de sentimentos, sabia dos problemas com a própria aceitação sexual, mas dentre esses defeitos existem outros que fizeram eu me apaixonar por ele. Então eu entendi que talvez conseguisse ensinar. Não foi o caso. Ele é extremamente egocêntrico e egocentrado. Tudo gira ao redor dele e isso é algo muito difícil pra eu lidar. As minhas necessidades foram se esvaindo aos poucos. Também culpa minha porque eu não sabia reforçar o que eu queria. Eu agia de maneira a me diminuir perante isso tudo. Não adianta. Não sei lidar com este tipo de imposição. Era um ponto que sempre daria errado.

Pensando em perspectiva, eu entrei na vida dele e me misturei com o modo de vida dele e ele não fez esforço nenhum pra se misturar com o meu. Tanto que nenhum dos meus amigos sentiu falta da presença dele porque simplesmente ele não fazia parte do meu mundo. Eu fazia parte do mundo dele. Isso é muito triste. Eu tenho realmente grandes amigos que ele perdeu de conhecer.

Bom… Estou cansado de escrever sobre isso, estou cansado de pensar sobre isso. Um dia eu vou deixar este texto público, mas hoje não. É só pra tirar esse peso da minha cabeça no momento.

imagem: Toper Domingo
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