Naiade – Eu sou (3)

Alimentar-se, caminhar (rastejar), alimentar-se.
A água estava parada quase sempre.
Ao rastejar (caminhar) percebia o mundo. Folhas, corpos, cascas.
Acima de sua cabeça existia um espaço imensurável. Acima da água. Acima de tudo que conhecia.
Tentava subir por um talo até romper aquela barreira invisível. Era apenas água, mas era intransponível.
Outras como ela  se alimentavam como ela. Usavam suas presas para sugar os nutrientes de outros seres. Aqueles que estavam no chão. Aqueles que estavam vivos e eram muito pequenos para lutar. Qualquer coisa parada ou em movimento que podia comer ela (ele) comia.

Eu sou?
Alimento ou predador?

Além da camada de água ela via cores que dançavam, uma luz intensa. Sentia uma necessidade de estar ali, saber o que ocorria ali, naquele outro mundo.

Mas estava presa, preso aquele corpo gordo e disforme que só sentia necessidade de comer.

As vezes um peixe qualquer tentava devora-la. As vezes conseguia e tudo voltava ao início. O ovo, a casca, a fome.

(Antes – Naiade – Fome)
(Próximo – Naiade – Calor e luz)

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