Reinvenção

Como é estranho isso… Com o passar do tempo, os amigos clássicos foram embora. Os conhecidos estranhos desapareceram. As pessoas com as quais convivi por tanto tempo simplesmente sumiram.

É estranho porque, mesmo com a consciência de que tudo no mundo se desmonta, eu tinha a certeza de que algumas amizades eram inabaláveis. Ou talvez eu tivesse a perspectiva de que todas as pessoas que estivessem ao meu redor estivessem efetivamente filtradas e pudessem ser representantes efetivos da minha “família escolhida”.

Mas me engano. Sempre me enganei… A graça de estarmos nesse mundo é justamente aprender com os erros e tropeços. Então… No fim da revolta pela qual a minha vida passou, me vejo circundado de novas pessoas, com novas histórias. Uma nova chance de fazer o certo.

A parte surreal disso é que as vezes me pego pensando se já não contei essa história para esta pessoa, ou se esta passagem realmente importa para o outro. É confuso. Mas, com o tempo e com o passado devidamente acomodado, a vida vai tranquila.

Sinto como se estivesse passando por um momento de transição da revolta para a calmaria. E é bastante difícil estar na calmaria quando eu estava acostumado com debater constante do cérebro… Onde cada olhar estranho era um motivo para preocupação e a culpa por não estar sendo suficiente era uma constante.

No fim das contas, estando neste novo universo, realmente tenho a certeza de que qualquer pessoa tem a possibilidade de se reinventar. Olha que, mesmo tendo a consciência de que isso era possível e já tendo feito isso no passado, pensei que fosse uma situação única na vida.

Pois então… É possível se reinventar tantas vezes quanto o necessário. É possível trocar de endereço, trocar de preocupações, trocar de emprego.. Sim, é possível trocar de vida e de identidade. Claro… Eu estou sempre dentro de mim, mas existe a perspectiva da reinvenção.

A reinvenção começa de dentro.

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