Temos constante apreço pelo tempo.  Vivemos em um mundo corrido nestes dias. O tempo se tornou caro, é uma afronta perder um horário ou marcar algo e não comparecer. Também é uma falha imensa não ter tempo. É cansativo ficar em uma fila por termos tanto a fazer e a espera é consumir o pouco tempo que temos para tal.

Sou um refém da passagem das horas e dos minutos.  Tenho raiva por ter amigos que consomem o tempo de outras formas diferentes da minha e necessito com uma ânsia incontrolável que tudo ocorra no devido desenrolar que eu penso ser o certo.

O stress,  infelicidade e desencontros causados por isso são extremos.  Diria hoje que meu maior problema é gerenciaer minhas horas, tarefas  e minha expectativa com relação a isso.

Os últimos dias foram extremamente infelizes em função dessas expectativas. Em desencontros causados por mim e a falta de interesse em cumprir o determinado,  me senti traído.  É difícil ver seus erros.  E mais difícil ainda provar esses erros para os outros ou obter  um mero desculpar.

Mas onde está a culpa pela falta do nosso tempo? O que realmente fazemos para transformar nossos dias em úteis? Quantas vezes temos tempo mas ficamos postergando determinadas tarefas com medo de não termos tempo de concluir elas?

Descobri uma coisa interessante. Aparentemente o tempo é algo elástico. As coisas, no passado, se esticam para alcançar o presente. E o presente nada mais é do que as sobras do passado. Posso dizer até que o presente é o acúmulo de passados, já que acontece empilhando fatos e situações. O que mantemos  é aquilo que de alguma forma se preservou, se esticando para o presente…

Então vivemos presos a situações e construções estruturadas no passado… Ok, isso é fácil de entender… mas e o futuro? Como podemos levar apenas aquilo que é importante para o futuro?
Basta usar a elasticidade da percepção de tempo e projetar as intuições para frente. Esta projeção é algo tátil e real. Não estou usando aquelas teorias de “pseudo física quântica”, e sim a realidade das emoções e sensações. Levar apenas aquilo que nos impacta da forma como quisermos. Não digo projetar algo bom, embora seja o que as pessoas geralmente almejam, mas levar exatamente aquilo que quisermos.. É um poder que temos e que precisamos exercitar!!!

Falo no ruim também porque existem coisas, que mesmo nos causando dor, são necessárias para o futuro. Lembranças tristes mas que servem como aprendizado para que possamos não cometer os mesmos erros. Lembrando que o bom é fácil, sempre nos causará prazer. Mas o ruim é difícil, e, talvez mais importante e muito pouco valorizado nos dias de hoje.

Então, uma sugestão de usar o tempo é perceber que ele preserva tudo. Pensando talvez nas coisas que, mesmo sem tempo, foram feitas. E no uso do tempo para ações talvez pouco produtivas…  Mas não sinta-se… E ai falo por mim… Procuro não sentir o tempo gasto como algo negativo. Cada segundo conta e cada pensamento pode ser esticado, moldado, aproveitado e enrolado, até aquilo que já passou….

Não existe pecado na falta de tempo. Nem pecado no desencontro. É apenas a casualidade do mundo em atividade nas nossas vidas…

Então… Perdoo o tempo, e os gastos, e meus amigos, e as existências torcidas nas ações.

A mim também.

Uma página de cada vez…