Voltas e Voltas

Esse é o nome de uma manobra feita em um brinquedo bem popular alguns anos atrás.
Ocorre quando jogamos um ioiô para frente, em seguida puxamos novamente sem toca-lo com a mão e retornamos para frente. O ioiô forma circulos perfeitos, girando indefinidamente sem que o lançador o toque com a mão. É uma das minhas manobras preferidas. Em determinado momento da minha adolescência eu consegui a marca de 129 “voltas”, até a corda arrebentar.

Engraçado usar este modelo como um exemplo do que ocorre na vida. Dia a dia vivemos dando voltas, sem que efetivamente, o mundo possa tocar na alma do laçador.

Uns meses atrás, com a depressão, aprendi que teria sérios problemas pra me envolver com qualquer pessoa. Na verdade havia perdido totalmente a intenção e vontade de ter envolvimentos emocionais.  Mesmo com a esperança de em algum momento conhecer um cara especial, a cada dia que passava, eu realizava que as pessoas eram definitivamente desinteressantes.

Ocorre que, em um curto período de tempo, acabo tendo vastas surpresas.

Mesmo sem grandes esperanças ocorre que tive uma grande e avassaladora paixão. A intensidade com a qual ocorreu me deixou totalmente desarmado. Simplesmente me senti como um adolescente, absurdamente inseguro, com incertezas levadas a um nível completamente surreal. Observem que tenho 34 anos e que estas paixões não fazem parte do meu dia a dia. Na verdade, não consigo lembrar da última vez que realmente me apaixonei assim.

O fato é… Minhas inseguranças levaram a uma ruptura interna. Decidi que não posso mais arcar com tamanho descontrole emocional. Tive um acesso de ciúmes por causa de um “amigo”. Isso realmente não deve fazer parte do arcabouço de possibilidades de um homem maduro.

Sou uma pessoa relativamente estável, sem grandes problemas de aceitação sexual. Algumas inseguranças com relação a minha aparência, mas quem não tem isso? No fim das contas, melhor não me envolver com quem me deixa inseguro. Os momentos juntos podem ter sido ótimos, mas minha individualidade vale mais do que isso.

E com voltas e voltas a vida segue. Com emoções, mas sem tocar o laçador.
A brincadeira de ioiô pode parecer perigosa aos olhos alheios, mas no final é mais divertida do que o momento congelado e mais segura do que as bordoadas que acontecem quando a corda rompe.

E ela sempre rompe em algum momento…

Voltas e Voltas com Ioiô

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