Ideal, O

– Vamos dar uma volta no guaíba?
– Mas estamos com pouca grana amor…
Os dois ponderam… Pensam… Em algum momento parece que alguma idéia vai surgir… Ele olha pra mim com aqueles olhos verdes lindos, da um sorriso maroto… Eu respondo rápido, prevendo a sugestão dele.
– Estou com preguiça de ir caminhando!!!!
Ele faz uma cara de cachorro pidão, um pouco triste… Espera uns 5 segundos… No fundo do olho surge um brilho, o sorriso volta. Ele retruca:
– Mas amor, vai te fazer bem, vamos nos divertir. A gente vai conversando, rindo das coisas, olhando as pessoas. Aqui em casa está muito quente; O que tu acha?
Eu faço uma cara de raiva vencida… Não tem como dizer  não pra ele, simplesmente não.
– Ta bom Pintinho… Vamos. Mas vou ficar emburrado o tempo todo (Mentira, já estou doido pra sair de casa)

Vamos caminhando. Aos poucos, os problemas vão desaparecendo da minha mente. Aquelas contas vencidas. Aquele cliente chato. Ele olha pra uma casa e pega o celular:
– Olha que linda aquela janela! Preciso bater uma foto!.
Eu olho com um ar de desinteresse, no fundo estou achando perfeito cada segundo.  Realmente, aquela janela é linda se vista por um certo ângulo… Pela visão dele o  mundo é lindo e deve ser visto… Estou começando a me acostumar a ver o mundo através daqueles olhos.

Penso no futuro, penso no passado, mas esqueço… O mais importante é o presente.
É estar ao lado dele e perceber como pode ser tão leve e prazeroso o estar.  Já estou rindo de absolutamente nada. Já estou feliz, sem precisar de nada…
Por fim, chegamos ao Guaíba para fazer nosso passeio. Mas a tarde já está ganha, o passeio já foi concluído. Não preciso de mais nada.

Olhamos o por do sol com meu dedinho pegando no dedinho dele. Ninguém fala muita coisa. Não precisamos de palavras.

As vezes me sinto ludibriado por ele… O passeio era só um pretexto pra ficar mais tempo comigo e com o mundo. Agora, tenho a impressão de que o mundo todo é nosso e que precisamos estar com ele o tempo todo. Agora entendo aqueles sábios tantos que dizem que a felicidade é um estado de espírito. Não deve ser procurada ou atingida, e sim percebida.

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