Nos encontramos novamente após o carnaval.
Um papo adulto, com menos sensações aterradoras. Amigos foram apresentados no orkut, antigos casos foram lembrados e comentados, piadas foram feitas e sentimentos foram velados. Neste dia eu acabei transparecendo um pouco a tensão sexual e isso incomodou tanto meu parceiro quanto o rapaz.
Ele me disse que nunca faria nada conosco, mas olhando no meu olho. Sentia que ele também tinha a necessidade do toque, mas ele sabe dissimular estas sensações e acabou me jogando um balde de água fria. A decepção, geralmente encarada por mim com uma sensação de – ele que se foda – acabou gerando o contrário.

A ficha caiu, se fosse somente sexo, porque eu me sentiria magoado? Eu não quero sexo, quero algo mais. Meu cérebro não consegue acompanhar meu coração e meu coração não consegue acompanhar meu tesão, minha cabeça está de pernas pro ar.

Me senti velho e incapaz, como disse antes, obsoleto.
Mantive os sentimentos escondidos em mim e ainda fiz piada do acontecido. Disse que me tornaria imune ao toque e a presença dele, ele não sabe que a imunidade depende de muita força de vontade.

A decepção e a identificação do erro que eu cometi acabou por me corroer. Sentia-me culpado por passar dos limites impostos, uma culpa acumulada, amo meu parceiro, sem ele não sou ninguém, mas o tesão que sinto por ele não é o mesmo. Senti culpa por ter sentido tesão, culpa por ter 26 anos, culpa por ter me envolvido emocionalmente, culpa por existir.
Concordei que isso ia me tornar mais forte e usar esta sensação para reforçar o nosso relacionamento desgastado. Mas não conseguia parar de pensar nesta pessoa que confunde as sensações e pensamentos.
Meu parceiro pareceu feliz, porque eu havia me quebrado. Isso me irritou porque ficou claro que ele também estava sentindo a mesma coisa por ele e que estávamos numa competição para ver quem é mais próximo do cara. Isso me causou tristeza. Sou compeitivo, mas nunca imaginei competindo com a pessoa que amo incondicionalmente.