A Teia de Escolhas

A confusão da verdade é imensamente assustadora;
A liberdade que a idade traz, a sabedoria das histórias do passado, presente e vislumbres sonhados do futuro.
Sou um adolescente vivendo com a corrente, trabalhando constantemente para me tornar algo que talvez um adulto seja.

Assim, não compreendendo, tento abstrair e seguir neste mar de sonhos, verdades e lembranças. Mesmo com toda a carga emocional que tento administrar a cada dia.
A ciclagem de emoções, os altos e baixos da vida e as trocas entre as pessoas.
Pelo menos eu optei por viver e sentir completamente o mundo, mesmo que ele traga algo que lembre dor e decepção.

Não culpo os outros pelas minhas escolhas, mas percebo as influências. Tento seguir em frente de maneira destemida mas amedrontada, talvez cuidadosa ou tímida, um passo curto de cada vez. Espero reciprocidade do universo em retorno as ações que eu julguei tomar acertadas. Aceito as dores dos erros. E é pensando que consigo entender as respostas plausíveis que a sabedoria do tempo tem me dado.  Estas não atendem minhas vontades, mas aceito o que é cabido dentro do universo de escolhas e acasos possíveis.

É realidade que o mundo esconde beleza nas maiores traições e desencontros. Talvez a expressão de Deus seja exatamente estes encontros e rupturas constantes entre as sequências de escolhas de cada pessoa.

Todos pensamos ter autonomia, mas nossas pequenas ações influenciam cadeias de reações. O que me encanta talvez seja a superficial compreensão desta teia de pequenas atitudes movidas por nossas escolhas. Esclarecendo, todos somos crianças escolhendo entre opções entregues por nós mesos, com base em fatos construídos pelos outros.

Nosso universo de liberdade talvez seja uma imensa auto manipulação.

Neste mar de incertezas e domínio, ainda creio que existe apenas uma coisa que não seja passível de construção ou influência. É um gostar puro, ingênuo e ao mesmo tempo  o mais complexo existente. Chamam de atração emocional, de companheirismo, talvez de amor. Este sentimento é de uma clareza e leveza insustentável. A atração emocional que eu sinto por algumas pessoas não pode ser explicada apenas como reação, está fora da curva e destas amarrações de universos individuais.

Na epifania de entender o amor, percebi que ele é um e muitos. Sou minhas escolhas e quem eu amo me define. Verdadeiramente eu sinto esta necessidade e clareza de entender que cada um é livre dentro do seu mundinho limitado de escolhas. Mas assim mesmo uso meu carinho sendo suporte. Como um guia do certo e errado.

Quanto as respostas do tempo, as teias retornam o necessário dentro do acaso. É como um saco feito com filamentos de opções que vão transportando memórias e percepções até o meu grande minúsculo universo. Não o sinto mais como sentia. Mas tudo está vivo e mudando constantemente.

Tenho saudade do que ocorreu, sinto falta de viver a memória do que poderia ser, pesar pelo sonho não concretizado e tristeza por perceber as escolhas e machucados que todos fizemos uns aos outros. Sinto medo do novo e revivo fisicamente a lembrança boa de algo que poderia ter sido.

Estou vazio de escolhas no momento. São tantas e ao meso tempo tão poucas. O pesar de saber que nunca mais será o mesmo me entristece. A quem chega e logo vai, a quem nunca esteve e a quem me conhece como as dobras da sua palma da mão.

Delego à teia de escolhas dos outros a minha próxima realidade. Espero que meu guia coração me leve para o que me faça contente. Agora não entendo, mas confio que conseguirei perceber.

Que este pesar desapareça e que estas certezas que tenho hoje continuem sendo verdade. Agora não sei o que procuro, mas nunca estive tão certo em não saber de algo. E isso me faz feliz.

 

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