A Depressão e o Cachorro Preto

Hoje fiz um vídeo. Fazia tempos que um amigo me pediu pra falar em vez de só escrever. O assunto pediu, então resolvi fazer isso.
A qualidade não ajuda. Não tenho equipamento profissional pra produção audiovisual, ferramentas básicas de edição e não me prestei a consumir muito tempo nisso, mas penso passar uma mensagem.

O link para a animação da qual falei:

Abaixo segue o texto que usei no vídeo para os deficientes auditivos:

“O que me inspirou a falar hoje foi um vídeo produzido pela Organização mundial da saúde,

Ele tinha um cachorro preto, seu nome era depressão.

O vídeo fala sobre como é viver com esse distúrbio e sobre as coisas que uma pessoa sente quando está em depressão.

Falar sobre esse assunto é uma coisa bastante difícil falar em público é dificil.
Mas se eu conseguir que uma pessoa assista isso e busque ajuda,
ou se eu conseguir que as pessoas saibam ajudar alguém nesse estado já ganhei

A animação fala de uma maneira oética e bem estruturada…quero ser direto.
Não sou psiquiatra ou psicologo, mas vivo brigando contra esse cachorro preto, o que me dá um pouco de experiência pra falar como eu me sinto.

Atualmente estou passando por um período depressivo e mesmo os medicamentos não estão ajudando.
Conversando abertamente com alguns amigos ontem sobre este assunto, me falaram sobre como eles se sentem, e que essas tristezas fazem parte da vida. Todos tem seus altos e baixos. E é natural. Então o que diferencia um depressivo de uma pessoa normal?

Tenho alguns indícios pessoais. Vou tentar explicar

As vezes um não é só um não… As vezes uma reclamação de um cliente é apenas um problema a ser resolvido. E isso é o normal. Temos condições de resolver qualquer problema.

Mas algumas vezes aquilo parece tão complicado e tão carregado de negatividade que teu cerebro pifa.

Simplesmente não consegue processar qual a resposta. o Não tem o peso de um caminhão de areia movediça jogado encima da tua cabeça. O problema parece insolúvel. Cada pequena coisa no teu dia a dia torna-se impossível de ser tratada.
Isso perdura, dias, semanas, as vezes meses.

No meio disso tu resolve fazer algo que te da prazer. Como ir a um bar, beber uma cerveja ou sair com algum amigo. Mas é impossível sentir prazer. Então tu meio que finge… Não que tu esteja sempre fingindo todas as risadas e descontração, mas de uma maneira geral não é o que tu está sentindo no momento.

As pessoas com as quais tu sente mais abertura e fala sobre o assunto tem a mania de dizer, ah… isso passa, é só um probleminha qualquer. Mas pra ti é impossível lidar com aquilo. Tu fica preso a um comentário ou situação e fica sem saída.

Sabe qual é a pior coisa? É quando tu tenta te abrir e buscar ajuda, mas te mandam procurar um médico!! Ok, o médico vai ajudar, mas quem vai reforçar ou te conduzir a mudar a forma de pensar são as pessoas no dia a dia. Os teus amigos e relações. Obvio que ninguém tem a obrigação de saber lidar com isso, mas se abrir é uma coisa bem complicada. Geralmente, pelo menos pra mim, eu falo sobre o assunto somente quando estou realmente mal.

No fim, a gente aprende a não falar sobre isso com medo de ser julgado pelos outros.

O julgamento faz mal

É o falso bem estar que eu falei antes. É muito cansativo demonstrar emoções, da um trabalho e as vezes é impossível passar a mensagem correta.

Muitas vezes tu está tão exausto em transparecer bem que não sente nada, são os bons dias. Os medicamentos geralmente fazem isso, geram esse estado de não sentir, de vazio. Ai teu cérebro consegue gerenciar melhor as coisas, mas não resolvem o problema.

Os médicos parecem não entender isso direito ainda. Se vocês forem procurar na wikipédia sobre o assunto, vai ser dito que é um desequilibrio entre hormônios que regulam a felicidade e o bem estar.

O ruim é que ninguém parece entender direito o que faz com que esses hormônios se desregulem e muito menos como organizar isso de novo. Então, cada um aprende a gerenciar da melhor forma como reagir a uma situação quando está nesse estado depressivo.

Algumas dicas pra quem passa por isso, e, principalmente, para os amigos que tem pessoas queridas que sofrem com isso.

Aceitar que aquele teu amigo vai ter dias bons e ruins, aprende a perceber os indícios de quando isso acontece. Quando se está pra baixo, as vezes ele vai aparentar que está pra cima! E faz parte da camuflagem que ele usa pra se esconder.

Tentar ajudar de maneira genuína é um bom começo. Coisas que ajudam geralmente envolvem atividades que deixam a mente mais leve, como sair para uma praça conversar, praticar algum esporte, ir a um centro de meditação. Demonstrar apoio e dar um abraço sincero pode ter o mesmo efeito que uma dose dos melhores medicamentos do mercado.

Não espera que ele tome a iniciativa, ele não vai saber fazer isso da maneira correta.
Evite a palavra não, ou o julgamento frios sobre os seus problemas. Dê opiniões sinceras e ponderadas. Pra mim, tem uma coisa que irrita muito, que é o AHHH… Coitadinho… Definitivamente isso não ajuda.

Ajuda ele a aceitar que essa é uma condição dele, como ter um lado da barba branca e o outro preto, ou um nariz grande e que muita gente também também é assim. A gente sente-se sozinho no mundo SEMPRE e aceitar faz parte de aprender a gerenciar.

Ser depressivo faz com que uma pessoa tenha uma visão totalmente diferente dos problemas que afetam os outros e, talvez, aquele amigo vai te dar uma opinião tão boa sobre um assunto e com uma visão que tu nunca imaginou.

Hoje penso que não sou assim por mero acaso e que tem que haver uma forma de fazer isso ser útil. E talvez faça. Cada dia mais estou melhor, só em fazer este vídeo e falar sobre isso já me deixa melhor. Espero que ajude outra pessoa também.

Abraço de urso!!”

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