A & B, Ou, a lição de 2016

Como é difícil aceitar a diferença dos outros.
Como é complicado se manter fiel, administrar decepções e evoluir relacionamentos.
Sou uma pessoa fiel. Aos meus princípios, meus amigos, minhas falas. Sou coeso na forma de pensar, com os elementos que possuo pra tomar as decisões. Erro, sempre errei e vou fazer isso várias vezes.

Ultimamente, um turbilhão de histórias, boatos, pensamentos e decepções invadiu minha vida.
Aliás. Posso falar com propriedade, e, relendo meus posts em anos anteriores (e meus diários) não consegui relacionar momento emocionalmente mais divergente em minha vida.

Ato 1
Me enfiei e fui arrastado para um relacionamento competitivo e destrutivo. A e B.
Penso que foi uma opção minha, desde o primeiro dia, com um convite de B, um encontro com A, um bom papo em um momento no qual eu precisava dessas coisas. O fim foi uma cena de raiva desmedida de A.

(Nunca entendi direito o motivo de tal cena. É uma das respostas que vou ter. Talvez protegendo B em função de um comentário meu? Tenho minhas idéias, mas não tenho como saber o que é e o que não)

O óbvio me foi apresentado. Me encantar pela voz, jeito, simetria do sorriso e pensamentos amenos ou me afastar de algo que eu sabia que iria me fazer mal. Minha opção está em perceber o desequilíbrio e mesmo assim, me encantar.
Em um primeiro momento, não percebi o confronto

(eis minha falta de sabedoria).

O tempo passou. Eu, fragilizado por estar passando por algumas dificuldades de saúde, me encantei. Busquei, bati contra uma parede de vaidades, disponibilidade e álcool.
Tivemos nossos momentos. Foram frágeis e inseguros. Eu, me sentindo inferior ao confrontar tamanha segurança do mundo.

(Uma segurança frágil eu fui perceber depois, mas assim mesmo, me deixava inseguro)

Ele, não entendo direito até hoje, vivendo, somente tendo e aproveitando o que o mundo oferecia.

Fui taxado de louco

(por B principalmente, e tendo o poder sobre A, possivelmente foi um dos motivos pelos quais a barreira de conhecer não foi transposta),

superestimando uma história não concretizada. E, embora não tenha desculpas para descrever meu comportamento, fui arrebatado por um sentimento raro e pouco compreendido por quem vive.
Senti dor, senti desprezo. Oscilei entre paixão e raiva. Percebi que seria apenas mais um em um círculo extenso de micro encontros sem sentido algum.
Fui tolo e idiota. B fazia pouco caso. Eu era apenas mais um para A. Sem peso como aríete.

Frágil e deslocado.

Vi A entregue a uma pessoa com personalidade dúbia. Alguém que buscava sentir prazer na vida, sem comprometimento. Mesmo entendendo que atraímos exatamente aquilo que precisamos, me doia ver, doia ter que manter minha força em meio dos beijos e abraços públicos. O tempo passou, me desconectei, ou pensei que havia me desconectado.

Ato 2

Em um momento nos encontramos novamente. Totalmente despretensioso, um bar, um papo. O personagem do mini relacionamento anterior havia se tornado um mero coadjuvante. Também arma de guerra, mas com um peso menor.  No dia determinado, desmarquei meus compromissos para um café. Não tinha expectativas nem esperança. 4 meses haviam se passado do primeiro encontro, e eu estava mais maduro e consciente. A ainda mexia comigo, mas era diferente agora.
Ocorreu o encontro, o bar, o álcool, a noite.
Aquela sensação de não estou sendo suficiente brotou novamente.

(Justamente eu? Tão seguro das minhas capacidades. Mas aconteceu, a insegurança de quem ama cegamente.)

No fim, não chegamos ao terceiro encontro. Novamente existia outro.
Esta pessoa também fazia parte da guerra, já havia flertado com B.

(Tenho real pena das pessoas que foram usadas, incluindo este coitado.)

Engraçado, que poucos dias depois eu fiquei sabendo do histórico inquestionável de alguém que gostava de viver a vida sem se preocupar com estabilidade. Um cara qualquer no meio de tantos outros. Não sei se é sorte ou azar, sempre acabo sabendo das histórias que ocorrem. Me senti mal por A procurar sempre o mesmo estilo de pessoa. Sempre alguém que  não oferece a mínima chance de um relacionamento real, ou construção real.
Nova decepção, novamente me sentindo inferior. Deveria ser o oposto, já que não me sinto amedrontado por quase ninguém. Mas, nesse jogo eu sempre perdi.
Ainda não tinha peso algum em B. Mas entendi um distúrbio entre eles. As coisas não eram mais o que geralmente foram. Eles estavam prestes a brigar. Percebi mas não me envolvi.

Ato 3

Em uma nova abordagem, as 3 horas da manhã, uma mensagem. A história se repetia. Mesma ação e reação. Mesmo com o Crepúsculo dos sentimentos e os detalhes de um amor incompreendido, mesmo com a certeza de estar disposto a me doar, eu ainda não era suficiente. Ouvi coisas que não gostaria de ter ouvido. Ousei consumir tempo. Ousei me doar novamente. Em um momento, sabia que não deveria ter ido até o fim. Deveria ter voltado pra casa mais cedo. Deveria ter almoçado em outro lugar. Deveria tantas coisas, mas… Foi um erro medido, um risco por mais um momento naquele dia fantástico.

(Na esquina da casa dele percebi que não o veria mais. A decisão foi tomada ali mesmo)

Entendi que a guerra havia gerado uma ruptura. Aparentemente, o opositor do ato 2 havia se relacionado com a facção representada por B. Aparentemente meias verdades foram ditas. Sabia dos dois lados da história e tentei me manter omisso. A sensibilidade e fragilidade de A me cativava. Não podia machuca-lo. Mas, os dois lados estavam em guerra e eu era mais um elemento de ataque e defesa. Interpretei bem o papel com os elementos que me cabiam. Como dito antes, sou fiel às minhas convicções e, realmente, não levei nada de um lado a outro.

(Algo difícil quando, principalmente B me falava o tempo todo de A. E mesmo eu esperando ser dispensado pela terceira vez, continuei ouvindo. )

Obvio que nada vem sem dor. Coisas que eu nem imaginava haviam sido ditas e feitas.

Pessoas falavam sobre mim sorrateiramente. Gente que nem me conhece sabia sobre minha vida íntima. Detalhes foram discutidos, argumentados, defendidos e refutados. Uma imagem minha se formou no subconsciente de gente que nunca havia me dirigido a palavra. Uma imagem totalmente diferente da realidade.

O óbvio previsível ocorreu. Pagando pra ver, me machuquei pela terceira vez.

Ato 4

Um deslize. Uma inconsequência sem cabimento me fez a flertar e viver intimidades com o lado B. Foi bom por um tempo. Obvio que desde o início percebi que estava sendo usado. Como dito, foi bom. Fácil, tranquilo. Não havia sentimento, somente conveniência. Eu precisava me desapegar, a história estava se desenvolvendo de maneira franca, objetiva e leve, pra que mexer?
Foi triste ver a dor em A no momento da descoberta. Não entendo se o ciúmes evidentes eram com relação a mim ou a B.

(Hoje penso claramente que eram para B, já que eu não tenho importância alguma nessa história, sou apenas o aríete lembram?)

Como sempre, muitas histórias circularam e, muitas delas chegaram aos meus ouvidos. Fiz novos amigos fieis e realmente me diverti com os fatos e momentos.
Claro que eu continuava no meio do campo de batalha. Agora envolvido com os dois lados de maneira totalmente descabida e desproporcionalmente perigosa. Um no passado, e outro no presente.

Ruptura

Chega um momento em que… simplesmente explode….

Neste momento, a ruptura é minha. Depois de muita reflexão percebi que não preciso de tais coisas pra viver bem. Simplesmente não sou eu.
Cansado de ser mais um, entristecido por não ter o que A procura e ser usado por B pra ter momentos de tranquilidade ou ataque / defesa.

Por mim, sou uma pessoa fantástica, inteligente, fiel e certeiro. Sou frágil emocionalmente mas amo e dou o melhor pra quem estiver disposto a me conhecer de verdade. Simples, grosseiramente verdadeiro. Tenho domínio das minhas capacidades, e mesmo inseguro, sou feliz com os grandes amigos e histórias que tenho pra contar. Estou aprendendo e quero crescer com alguém ao meu lado, não oposta a mim.

Não quero definir A, não preciso. Mas os relacionamentos que ele tem são com pessoas completamente diferentes de mim. Não é um defeito meu o fato de não termos dado certo. Embora eu tenha plena consciência que isso ocorreu também por influência de outros, simplesmente não ofereço e não quero oferecer o que ele procura em alguém. Sinto pesar porque, quando estamos juntos, foi perfeito e cada vez mais seria. Mas, não creio que precise me envolver com alguém com o qual eu precise me adaptar tanto pra dar certo.
Ou  me envolver com alguém que dê tanto ouvido para o que as pessoas dizem, ou que simplesmente não fala o que pensa.

Com B? Na primeira oportunidade, o carinha do lado era mais bonito. Na segunda, a roda vira e gira?. Não tenho nada a dizer. Pra quem usa involuntariamente (Espero MESMO que tenha sido usado involuntariamente)  e tem consciência das coisas, é algo bastante fugaz e superficial. Algo que simplesmente não me traz benefício algum. Nada diferente do que eu vivo com qualquer outra pessoa que exista no mundo. Ainda seremos amigos eventualmente. Mas vai ser dos difíceis de superar. Eu sempre consigo perdoar, sempre consigo amenizar e com certeza vai ocorrer.

Não guardo ressentimentos pelo que fizeram a mim. Não penso que terei ou que poderia ter algum relacionamento saudável com nenhum dos dois. A dor que causaram foi necessária e real,

mas viver doi e doer é bom, significa que tenho muita vida para dar e muita dor pra viver.

Conhecendo e estando dos dois lados, percebo claramente que a disputa não me envolve e não me acrescenta. Ainda não tenho a visão completa de todos os fatos, mas todos os dias acabo descobrindo uma novidade. Não quero pessoas assim perto de mim. Não são ruins, apenas quebrados em coisas que estão muito bem resolvidas pra mim. São lições que eu já aprendi há tempos. No fim, fui tolo mais verdadeiro.  Fui honesto e sincero. Isso que importa. Estou livre e tranquilo.

Obrigado pela oportunidade de me ensinarem tais lições. Prometo que não cometerei os mesmos erros no futuro. Agora tenho um pouco mais de bagagem e sou feliz por isso.

A A E B… Boa Sorte, de coração. Vocês vão precisar.

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