A outra metade da laranja

Hoje li uma postagem no Facebook que me fez pensar.
O que estamos fazendo com a nossa vida emocional?

Vou tentar explicar da melhor maneira possível o meu ponto de vista, e isso pode parecer estranho para as pessoas, mas é como eu me comporto e penso que a grande maioria das pessoas hoje em dia reage. Pelo menos é a minha percepção.

Grande parte do romantismo foi perdido com o passar dos anos. Sexo é fácil, encontros são mais fáceis ainda. Não que devesse ser algo complicado, mas realmente é íntimo.
Conhecer pessoas superficialmente também é simples. No mundo das redes sociais é incrível como temos agilidade em “filtrar” e “selecionar” características que são aprazíveis a nós.

Festas… Sempre existiram e sempre existirão. Pega pega e oba oba também. Mas houve um tempo em que perguntávamos o nome antes de darmos o beijo.

Essa velocidade.. esse turbilhão de emoções incontrolável.. Qual a única forma de lidar com isso? Através do desapego. Todos falam em desapego. As culturas que pregam o desapego estão em alta e realmente é a solução para nossos problemas.

O problema é que apegar-se a alguém não depende apenas de “ser dependente”. É algo como trocar experiências, confiança… Algo como unir para vencer em vez de “eu posso sozinho passar por tudo isso”.

Trocamos confiança e temos a certeza de que o mundo pode ser vivido com outra(s) pessoas e não apenas sozinho. Isso se estende a relacionamentos. Cada vez mais eles estão individuais. Tão individuais que tarefas que eram íntimas (como sexo) estão se tornando “públicas”.. É difícil ser imparcial quanto a isso (e é apenas minha opinião) mas é verdade. Dizem ser hipocrisia manter apenas um parceiro, porque existe traição, atração e etc… Entendo os pontos de vista. O que estou afirmando é apenas uma constatação. As pessoas estão tão individualistas que até o sexo não pode ser mais exclusivo. Todos fazem o que querem com seus corpos (como bem deveriam), mas não medem consequências disso.

A intimidade do casal se torna aberta, ou fracionada. Temos duas pessoas que se amam mas criam situações onde essa intimidade é compartilhada. Mas não quero falar sobre ser conservador ou liberal (é um assunto bastante complexo).  O ponto é, se os relacionamentos estão assim, como anda a conquista?

Onde está o tempo para que cada parte se adapte? Como se adaptar se eu  e o outro estamos saindo com várias pessoas ao mesmo tempo? E porquê ficar com outras pessoas caso esteja interessado em apenas uma pessoa? Qual é a grande sacada de “curtir” o momento.

Curtir se tornou – Transar com quem eu quero e ficar com o máximo de pessoas possíveis.
Conhecer se tornou – O momento em que eu faço o que eu quero antes de me envolver definitivamente com alguém
Responder uma mensagem se tornou – Sou um idiota

As possibilidades são tantas que é muito difícil para qualquer pessoa “se encontrar”. Vivemos em um jogo de erros e acertos nos quais ninguém diz o que está certo ou errado. Não respondemos as mensagens, transamos com uma pessoa que está apaixonada por nós em um dia, e no outro saímos com quem nos da na telha. Fazemos isso porque todos fazem (eu e todos vocês).

Estamos vazios, somos egocêntricos e presunçosos… As pessoas precisam aceitar como nós somos e ninguém tem nada a ver com isso. Onde está o crescimento nisso?

Somos burros em pensar que existe uma metade perfeita da laranja, um pé de chinelo torto para o pé também torto, a outra peça do quebra cabeças… Essa perfeição não existe (como nós somos perfeitos do jeito que somos) …

Existem pessoas potencialmente adaptáveis aos nossos defeitos e que saberão apreciar nossas qualidades. E digo potencialmente porque nem elas sabem.  Existem encaixes que precisam ser limados, adaptações a serem feitas. Existe esforço em conhecer alguém. No nosso mundo, esse esforço se resume a números… Então vamos transar com o máximo de pessoas possíveis para descobrir qual delas tem em um primeiro momento o que talvez seja o ideal pra mim.

Tudo torna-se superficial, vazio…

Todos são solitários…

Todos fazem terapia…

E assim sou… Continuo na busca de alguém que tenha paciência para me entender. Alguém que EU tenha paciência para entender….E enquanto isso, faço exatamente como os outros, faço errado. Fico com um grande amor em um dia e no outro me relaciono com um desconhecido. Me sinto mal pelos “números” dos meus amigos, me sinto mal pela solidão. Entendo que me apaixonar pode ser um erro. Ele não da bola pra ti, segue em frente… Pode ser, sou um idiota, mas valorizo o momento e sei que isso não irá ocorrer tão cedo. Então vivo e sofro a cada novidade… E me relaciono com outras pessoas… Não vai dar certo, o caso foi encerrado…

Mas talvez exista o outro lado da laranja… Exatamente como eu sempre sonhei… Ou talvez vou ficar sozinho pra sempre, como ele e você.

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