A raiva de quem?

Raiva.
Dos problemas pessoais, dos relacionamentos falidos, das experiências mal conduzidas.
Raiva de tudo e de todos.

Reflexo da falta de habilidade de falar sempre o que pensa, mesmo alardeando que seja isso que te faz confiável.

O mundo anda estranho nestes dias…. As pessoas não se comunicam. Todos tem seus problemas e dificuldades. É que está difícil de superar e não tem ninguém que possa ajudar ou mostrar outro ponto de vista.

Para quem não entende. Memórias se confundem com a realidade. Fragmentos do passado influenciando nas tomadas de decisão do presente. Dor surgindo de influências rotineiras e pesar, muito pesar por ter tomado certas decisões que construíram este momento.

Não somos nada além de um conjunto de lembranças que age. Nossa unidade e personalidade é permeável, incerta e, mesmo com os paradigmas impostos por outras personalidades (da mesma forma instáveis), forçando-nos a nos tornarmos coesos, não o somos. E assim, tentamos demonstrar reagir da mesma forma aos mesmos estímulos, mesmo não tendo a segurança de que temos uma personalidade, nada passa de ilusão. Somos reflexo de ações incertas tomadas no passado. Um acúmulo de inseguranças culminando no agora. Sendo assim, nos guiamos por estas idéias para gerar mais caos no meio do acaso das relações humanas. Universos girando em torno de pseudo necessidades impostas por outros indivíduos que não tem a menor ideia do que estão fazendo. Pensamos ter a certeza das coisas. mas a certeza é incerta na sua mais primordial fórumula. Ninguém sabe de nada… Realmente. A única certeza é que ninguém sabe qual existe.

Neste caos completo em que nos encontramos, o que sobra é tentar  perceber as tendências. Não que as pessoas tenham tendências claras, mas elas forçam a tomar as mesmas opiniões, não importando se sua lógica diz o contrário. Todos temos a habilidade de tomarmos qualquer decisão a qualquer minuto. Neste momento. Agora. E, a rigor, ninguém tem nada a ver com isso. Optamos por aceitar a tendência que mais nos apraz. Não que exista prazer em estarmos em um grupo com as mesmas decisões (e boicotarmos nossa própria lógica). Mas o cérebro das pessoas se adaptou a resolver os problemas da forma mais objetiva possível, eliminando as possibilidades incertas E nos fazendo agir de forma tendenciosa… Parágrafo inútil.. Vou aproveitar ele em outro momento.

Sou vulnerável às intempéries do tempo, ao estado mutável das coisas que me cercam. Mesmo tendo a habilidade de perceber tendências, não tenho a habilidade de projetar esta visão no futuro. O que me coloca na mesma posição de qualquer pessoa neste planetinha metido a galáxia. Habilidades inúteis. Nada que resolva meus problemas.

Me pergunto constantemente qual o motivo que faz com que eu precise estar disponível. Procuro este motivo mas não encontro respostas. Estar vivo é resultado de um acaso, deixar de estar também. A função da vida é, ao que me cabe, passar vida aos outros… Passar caos, construir memórias que serão apagadas pelas gerações… The ultimate question about life, the world and everything… 42? Então vivo, pensando que em algum motivo eu consiga perceber o motivo pelo qual vivo.. Reduntante mas não incerto.

Se meus problemas parecem insolúveis, tenho a certeza de que a solução está há uma linha de distância… A ausência de problemas me parece tão admiravelmente atrativa no momento. Mas, essa é a linha final, e eu terei que passar por ela em um momento eventual. O que me segura é a curiosidade de não saber o que o caos me apresentará amanhã (como resposta às ações infímas de cada indívíduo e MINHAS agora).

Portanto prevaleço. Não que seja fácil, mas é alguma coisa. Diferente do nada que me apraz do outro lado… Alguma coisa > Nada… resposta fácil aos problemas mundanos and the Ultimate Solution (A la Hittler).

Me pergunto porque não consigo sentir nada. A empatia e acolhimento não dura muito além de alguns segundos.. Geralmente o brilho antes do estufar da borracha (que logo será descartada e deixará de estar presente na memória). Impossível sentir algo quando não se tem nada a oferecer. O vazio ainda é algo? Pode ter nome, mas não significa muito além da atribuição holística de ausência que lhe foi dada.

As formas burocráticas da vida nos conduzem a necessidades. Ter, estar, SER.. Estamos presos a necessidade de sermos algo perante quem? Quem também tem essa necessidade. Essa realidade está tão arraigada na nossa mente que é quase impossível fugir dela. Não sou racista… Tu casaria com um negro? Com um indiano? Com um mulçumano for god.. Casaria? Temos tantas realidades e certezas nas nossas “certezas” que tudo é incerto.

Amor no meio disso tudo não passa de distração. The ultimate motion… The ultimate goal… Nada além de um dia após o outro para confirmar a necessidade de dar vida, como exemplo de felicidade. Exibir vida como felicidade.

Não estou feliz. Não sei como ser feliz embora tenha a exibir. Minha casca de certezas e tendências não tem valor algum perante o escudo que a casca de certezas dos outros se transformou… Quando ser fumante se tornou exemplo de má pessoa? Em que século não ter o corpo ideal se torna forma de excluir personalidades e universos da sua vida? E olhos verdes? E cor de pele, usa a camiseta da listinha nas costas? É realmente importante? O que é importante? NADA… There is nothing in this world.

But you don’t know nothing John Snow… And never will be.

Neste mar de incertezas, o lobo permanece. Em sua raiva e com suas presas ele abate. Traduz em raiva seu pedido de ajuda e espera que alguém possa traduzir isso em afeto. Não vai acontecer….

E depois da segunda garrafa de vinho ele dorme… Sozinho… Com seus problemas amenizados pela verborragia digital… Ainda não sentindo nada e sem solução…

Aguardar, aguardar. Sempre existe a linha… Sempre vai existir.

 

 

 

 

 

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