Pequeno Medroso

Nossos horários continuavam os mesmos e mantínhamos nossas rotinas diárias. Mas, eu não estava mais sozinho.

Continuava preocupado com meu trabalho. E agora, depois de termos perdido mais uma embarcação, o medo era constante. O submarino  inimigo acabou atacando um navio japonês que também estava no nosso quadrante. Fomos poupados por pouco.
O fato é que eles podiam nos ver e não tínhamos nada para nos protegermos, além de ficarmos atentos aos sinais.

Durante o dia, eu aguardava ansioso pela hora de dormir. Naquele dia, saí mais cedo.
Passei os compartimentos de carga, dos oficais. Cheguei no alojamento.

Ele ressonava, Coloquei a mão no ombro dele, e disse baixinho.

– Medroso, hora de acordar.
Ele abriu os olhos, um sorriso.
– Já estou acordado pequeno.

Depois daquele momento em que nos aproximamos, ele sempre me chamava de pequeno indefeso, eu retrucava como grandão medroso… Os apelidos foram ficando menores e, agora eu era o pequeno e ele era o medroso.  Nossos colegas também estavam mais entrosados, e eu com eles. Mas o Medroso era o motivo pelo qual eu acordava todos os dias, e o motivo pelo qual eu ia dormir com alguma felicidade.

– Porque tu não dorme de cuecas. Não sou obrigado a dormir nessa cama cheia de pentelhos de macho.
– Odeio essas roupas me apertando. Já sou obrigado a usar farda o dia todo. Fica na tua Pequeno, tu tem pentelho igual e tenho que dormir na mesma cama que tu todos os dias também.

Ele levantou, sentou na cama, eu olhei pra ele, ele retornou o olhar. Ele coçou as bolas sem desviar o olhar.  Nada foi dito.
Desviei e comecei a retirar a minha camiseta.

– Estão falando de radares, não sei como usam rádio para fazer rastreamento. Não temos nada contra isso. Não existe como escaparmos Medroso.
– Depois de sairmos daqui, eu vou te pagar uma rodada de cerveja e umas putas. Não aguento mais ficar aqui. Fica tranquilo. Ontem me falaram sobre uma folga na próxima semana. Seria ótimo se pudéssemos sair deste lugar. Depois descobrimos se vamos ficar vivos ou não. Só quero sentir ar puro antes disso.

Nisso eu já estava despido, ele ainda continuava sentado na cama.
Ele me olhava de um jeito que eu não sabia descrever. Olhava para meu peito e braços, descia o olhar para as minhas pernas. Eu sentia um pouco de vergonha, percebia ele estufando o peito enquanto fazia isso. O rosto dele ficou um pouco vermelho.

– Preciso mijar. Vai dormir

Ele desceu da cama, virou rápido de costas pra mim. Ele tinha um corpo forte, cabelo desgrenhado na nuca, costas largas, pernas bastante peludas. um pouco de pelos acima das nádegas. Uma penugem fina sobre estas. Tinha uma marca de nascimento abaixo do ombro esquerdo.

– Estou agitado do dia de hoje. Acho que vou demorar a dormir.

Eu estava me lavando, acocado no chão, ao lado da cama.
O banheiro do alojamento ficava no final das camas, uns 5 metros de distância. Em um dos cantos onde havia um sanitário. Ele demorou a começar a urinar. Um ruído forte, um suspiro de alívio.

Os outros colegas começaram a levantar… Ele voltou… Eu estava deitando.
Ele cumprimentou alguns colegas, sorrindo.

– Sai pra lá, preciso me vestir.

Sentou nu, na cama, na altura do meu peito. Cheiro forte. Eu não me movi. Ele começou a se vestir. Eu fiquei observando os pelos ordenados. Ele era, definitivamente, muito bonito pra mim.

– Tira essa bunda de perto de mim. E vai tomar um banho direito, não aguento mais sentir esse cheiro de saco na minha cama.
– Nossa cama Pequeno.. Nossa cama. E vê se não fica batendo punheta ai, é nojento. Depois reclama do meu cheiro.

Ele se vestiu.
Os outros colegas se vestiram.
O tempo passou, as luzes foram diminuídas novamente.
Eu não conseguia dormir. Não com aquele cheiro, não com aquele calor na cama. Não com a vontade de sentir novamente aquele abraço e ouvir o coração dele batendo forte só pra mim, no meu ouvido. Mas ele é meu irmão, meu amigo.
Não consegui resistir. Me masturbei. Gozei muito rápido. Mal peguei em mim e já estava pulsando. Mordi o cobertor para evitar fazer algum ruído. Suspirei forte. Adormeci quase imediatamente.

Depois daquele dia, nada mais foi igual. Não sei como ou quando aconteceu. 
Só sei que queria sentir ele perto de mim. Eu sentia uma força, admiração, apego. Precisava tocar no corpo dele novamente. Precisava. Isso me dava um arrepio e um pesar. Era errado, mas ele era meu. Tudo o que acontecia no meu cérebro era meu e ninguém precisava saber disso. 

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