Melancholia

O que faz sermos tão presos a necessidades materiais, se no fim não sobra nada além de cinzas ou menos do que isso?
Estes dias, conversando com alguém muito especial, comentávamos sobre o que nos faria feliz…

Eu disse que me faria feliz uma viagem pra Grécia, ou talvez um final de semana acampando em um lugar desolado com um clima ameno.
Um beijo… uma boa comida, um bom sexo, um bom abraço…
Acordar a noite vendo ele dormindo ao meu lado e ressonando, falando sozinho…
Ouvir meu amor correspondido… Ver a luz do amor por traz daqueles olhos lindos enquanto me diz que sou especial… Ter isso me faria feliz pra sempre.

Mas sempre é um sentimento ilusório. Nada existe pra sempre. Tudo é transitório.
Qual é o real motivo de trabalhar pra ter um carro ou uma casa se no fim isso não tem importância alguma? Viver sem prazer…. Postergar a felicidade e a dor ou simplesmente sentir o que o mundo oferece.

O tempo é ilusório. A passagem do tempo também é.
O que existe é somente o agora… É menos que o hoje. É menos que a hora, o minuto e o instante…
É o tudo.
O amanhã não significa nada se pensarmos neste momento.

Acabei de assistir a um filme único. Uma obra de arte tão sublime e verdadeira quanto suas idéias insustentáveis…

Melancholia, um passeio pela loucura e verdade humana. Somos tão somente aquilo que percebemos, aquilo que sentimos, aquilo que amamos e vivemos.
Tão verdadeiro e tão perfeito… Pena que mal compreendido.
Subjetivo? Talvez… Mas um traçado direto entre a loucura e a verdade humana…

Qual é o real prazer de tomar uma taça de vinho enquanto tudo é destruído? Pesar?
Ter significa realmente o que? Ser significa o que? Crer em política? Lutar por um ideal?
Qual é o real medo da morte, quando todos desapareceremos um dia?

O prazer de tudo, a verdade por trás de tudo… simples e direta…

Retomando o papo com meu amor, lembro muito bem da resposta que ele me deu…
O que me faria feliz Dudu? Era fazer tudo isso junto contigo… Saber que tu está ao meu lado, viajar contigo, envelhecer contigo e viver todo o momento contigo.

Este é o momento. Por isso não tenho medo do amanhã nem de deixar de existir. Eu vivo enquanto existo e isso me basta.

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