Naiade – Dissolução (1)

Percebeu a luz.
A luz ia e voltava. Ciclos diários. Não podia contar para saber quantos haviam se passado e nem pensava em quantos passariam;
Durante os dias, agitava-se. Percebia sombras ocultas na parede perfeitamente redonda. As sombras investiam com velocidade pela parte de fora de sua morada.
Sentia movimentos suaves e leveza, sentia pesar mas não entendia o motivo daquela tristeza.
Cada vez mais a luz se tornava mais forte através das paredes finas.
Seu corpo estava inchado, mal conseguia se mover…
Sentia-se oprimida… Mais ciclos, frio, calor…
Novas investidas, mais leveza, mais luz, mais espaço.
Em um momento, sentiu um movimento ágil impossível de ser descrito. Escuridão permanente. Ruídos ritmados, um pulsar incontrolável.
As paredes começavam a dissolver. Sentiu dor pela primeira e última vez. Viu de relance globos brancos se dissolvendo ao seu redor… Instantes. Logo seus olhos também foram dissolvidos.
A dor parou. Ela nunca mais percebeu nada.
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