O sentido da culpa

Deitou na cama, pensou nas curvas daquele corpo, na forma com que andava, no tom da voz e no toque macio da pele.
Sentiu o gosto da boca e o cheiro do corpo… Lembranças de um passado vivo.. Estava no quarto ao lado, ouvia sua voz rindo, pensava no que pudesse estar acontecendo mas não ousava sair da cama… Sabia que no momento em que saisse a risada empolgada daria lugar para uma carranca depressiva.
Continuou fantasiando aquela forma, buscou uma roupa íntima para saciar a lembrança  do cheiro… alguma parte daquele corpo inatingível…
A mão, simulação do movimento e do desejo, o ápice, prazer, a imaginação tão vívida, tal qual a realidade (ou a lembrança de uma suposta realidade sonhada)… aquele cheiro enebriante, viciante, mortal…
A droga do prazer dá lugar a culpa. Buscou uma meia para remover do seu corpo a crença da impureza do seu ato, escondeu a prova.
Dormiu com a sensação do gozo, não foi um sono bom. O desejo se desenvolvia e agravava a dor e a doença daquele relacionamento platônico. Pesadelos de destruição entrecortados com sonhos de felicidade, a loucura se instalava aos poucos.
Ainda serei louco?
Talvez..
A lembrança me enlouquece e os pesadelos voltam frequentes.
Não foi o certo, nem o errado. Apenas aconteceu.
Mesmo inalcançável, as vezes sinto o cheiro do seu corpo no tempo, lembro e revivo alguns momentos.
Ainda bem que acabou;
Ainda bem que aconteceu…

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